Saiu no Tijolaço, da pena incomparável do Fernando Brito:
Sorria, você está sendo curado
É de estarrecer a nota da Agência Estado, dizendo – é literal – que a prefeitura e o Governo de S. Paulo estão buscando usar “dor e sofrimento” como estratégia de combate ao uso de crack.
Seria, em resumo, ir enxotando os usuários e traficantes dos pontos onde se fixam, para forçar os primeiros a buscarem ajuda e os segundos a desistirem do negócio.
Diz o o coordenador anti-drogas da Governo do Estado, Luiz Alberto Chaves de Oliveira, conhecido como Dr. Laco (sem cedilha, por favor):
- A falta da droga e a dificuldade de fixação vão fazer com que as pessoas busquem o tratamento. Como é que você consegue levar o usuário a se tratar? Não é pela razão, é pelo sofrimento. Quem busca ajuda não suporta mais aquela situação. Dor e o sofrimento fazem a pessoa pedir ajuda.
E a secretária municipal de Assistência e Desenvolvimento Social, Alda Marco Antonio, promete até março – até março – que haverá 1.200 vagas para tratamento de dependentes.
O resultado deste genual terapêutica está retratado no portal R7: expulsos da Cracolândia original, proximo à Praça Julio Prestes, na capital paulista, viciados já montaram outra na Zona Sul Paulista e se espalham em pequenos núcleos próximos á região da Luz.
Ora, ninguém pode ser contra ações repressivas que impeçam a formação de “bairros do crack”, nem desconsiderar o direito dos cidadão que moram e trabalham nestas áreas. Nem compreender que, em alguns casos, tenha de ser contida com mais que um “por favor” a agressividade de pessoas fortemente drogadas e nas condições deploráveis que o crack produz.
Mas um profissional e um chefe de um serviço de saúde pública dizer que causar “dor e sofrimento” seja uma ação terapêutica, pelo amor de Deus! Seria voltar aos primórdios da ciência médica, ou dar razão aos inquisidores da Idade Média que pensavam ser a masmorra e a tortura instrumentos de conversão à fé.
Mas aqueles pobres sujeitos, degradados e abandonados, merecem, não é?Certamente o Dr. Laco (sem cedilha, por favor), acompanha a polícia às festas chiques dos Jardins para provocar “dor e sofrimento” para fazer os consumidores de drogas “pedirem ajuda” para se tratar, segundo o mesmo critério terapêutico.
O amigo navegante deve se lembrar como o Padim Pade Cerra, antes que o Amaury o afogasse, pretendeu criticar a política do Governo de Federal de combate ao crack, num debate na tevê.
A candidata Dilma Rousseff respondeu à altura: mencionou a Cracolândia, esse monumento às elites tucanas de São Paulo.
((O atual prefeito, Gilberto Kassab, era vice-prefeito do Cerra – é bom lembrar.
E o Cerra deu-lhe o lugar depois de na tevê e no papel timbrado da Folha (*) jurar que cumpriria o mandato até o fim.
Ele diz qualquer coisa.
Inclusive chamar o livro do Amaury de “lixo”.)
Agora, a elite de São Paulo limpa a área da Cracolândia – cada vez mais extensa – e faz o problema transbordar para outros pontos da cidade.
Eles são uns jenios !
Quando chegar a Higienóplis, onde fica o apartamento de Fenando Henrique na Cidade de São Paulo, aí, a policia tucana vai lá e oferece a opção: sorria, você vai ser curado !
Paulo Henrique Amorim
(*) Folha é um jornal que não se deve deixar a avó ler, porque publica palavrões. Além disso, Folha é aquele jornal que entrevista Daniel Dantas DEPOIS de condenado e pergunta o que ele achou da investigação; da “ditabranda”; da ficha falsa da Dilma; que veste FHC com o manto de “bom caráter”, porque, depois de 18 anos, reconheceu um filho; que matou o Tuma e depois o ressuscitou; e que é o que é, porque o dono é o que é; nos anos militares, a Folha emprestava carros de reportagem aos torturadores.
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