Em um dos pontos mais altos da serra, o grupo católico Arautos do Evangelho construiu uma espécie de paraíso na Terra. Quaresmeiras e manacás moldam uma clareira de concreto de 12 mil metros quadrados, base de sustentação para prédios, casas, quadra esportiva e estacionamentos do empreendimento. O “castelo” - apelido dado pelos moradores da região ao complexo - chama a atenção pelas dimensões avantajadas e suspeitas de irregularidades, mas a obra é apenas uma entre muitas que têm contribuído para a devastação da área.
Na Estrada de Santa Inês, altura do km 10, entre Caieiras e São Paulo, placas de “vende-se” e “proibido construir” disputam o mesmo espaço. É um reflexo do avanço da urbanização na serra que tanto preocupa os ambientalistas. Em três anos, foram expedidos 865 alvarás para casas e condomínios na bacia do Juqueri-Cantareira, que compreende Mairiporã, Caieiras, Franco da Rocha e São Paulo. De todos, Mairiporã é o que tem maior movimento imobiliário. Nos últimos dez anos, a área urbana do município cresceu 41,5%. “A ocupação danificou mais de 12% de mata atlântica”, diz Pilar Cunha, do Instituto Socioambiental (ISA).
A maioria das casas e condomínios erguidos na Serra da Cantareira está dentro da lei. Licenças ambientais são concedidas mediante laudos de flora e fauna. As análises determinam o quanto pode ser construído, o total a ser mantido intacto e o reflorestamento posterior à obra. Há dois problemas, segundo especialistas. O primeiro é o cumprimento pelos proprietários de contrapartidas ambientais impostas pelo governo - com a fiscalização precária, ele dificilmente ocorre. Só na Promotoria de Caieiras, há 16 inquéritos de irregularidades em condomínio. O segundo é mais complexo: as leis brasileiras sobre ocupação de áreas verdes estão ultrapassadas, datam de 1977 e não levam em conta a atual situação ambiental. As informações são do Jornal da Tarde
fonte globo.com
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