17/02/2012
às 6:09Por Bernardo Mello Franco e Vera Magalhães, na Folha:
O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), comunicou ontem à direção do PT que José Serra (PSDB) deve ser candidato e terá seu apoio na eleição municipal. O aviso frustra a articulação costurada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o prefeito se aliar ao petista Fernando Haddad e indicar o vice de sua chapa. Kassab informou aos petistas que Serra se curvou às pressões do tucanato e está fazendo as últimas consultas antes de formalizar a sua entrada na disputa.
O prefeito disse ter “dever de lealdade” com o ex-governador, a quem sucedeu na prefeitura no início de 2006. Ele sustentou que o eleitorado o veria como um “traidor” se ele rompesse a aliança. Diante do novo cenário, o PT decidiu aumentar a pressão para evitar o lançamento de outros candidatos no campo de centro-esquerda. O principal alvo será Netinho de Paula (PC do B), seguido de Paulinho da Força (PDT). Os petistas não devem investir contra as pré-candidaturas de Gabriel Chalita (PMDB) e Celso Russomanno (PRB) por entender que eles tiram mais votos de Serra que de Haddad. Deles, pedirão a promessa de apoio num segundo turno contra o tucano. O presidente estadual do PT, Edinho Silva, disse que a sigla não pode “se mover de acordo com o adversário”, mas que uma candidatura do ex-governador “muda completamente o quadro”.
“A entrada de Serra reunifica o campo mais conservador da política paulistana, o que vai exigir do PT uma outra estratégia”, afirmou. Kassab disse ao PT que a aliança com o tucano na capital paulista não impedirá o PSD de apoiar candidatos petistas em outros municípios da região metropolitana e do interior do Estado. É o caso de Luiz Marinho, que disputará a reeleição em São Bernardo do Campo, e de João Paulo Cunha, pré-candidato a prefeito de Osasco. A interlocutores seus, o prefeito manifestou confiança na força política de Serra e disse que, se for mesmo candidato, ele será “o próximo prefeito de São Paulo”.
De acordo com Kassab, estaria errada a avaliação de que o alto índice de rejeição do tucano, demonstrado nas últimas pesquisas, impedirá sua vitória num novo confronto com o PT. Ainda segundo o relato do prefeito, Serra não queria disputar a prefeitura por entender que isso compromete seu projeto presidencial em 2014, mas foi convencido para não ser culpado caso o PSDB ficasse fora do segundo turno. Isso, para os tucanos, ainda poderia comprometer a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e a “sobrevivência” da oposição ao governo Dilma Rousseff (PT).
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