03/10/2011 - 22h41
Guilherme Balza
Do UOL Notícias
Em São Paulo
Foto 3 de 13 - Artistas, intelectuais e ambientalistas realizaram, na noite desta segunda-feira (3), uma "macumba antropófaga" contra a construção do trecho norte do Rodoanel. O ato ocorreu no Teatro Oficina, que fica na Bela Vista, região central da capital paulista, e foi comandado pelo diretor José Celso Martinez Alex Almeida/UOL
Artistas, intelectuais e ambientalistas realizaram, na noite desta segunda-feira (3), uma “macumba antropófaga” contra a construção do trecho norte do Rodoanel. O ato ocorreu no Teatro Oficina, que fica na Bela Vista, região central da capital paulista, e foi comandado pelo diretor José Celso Martinez Corrêa.
No evento, o geógrafo Aziz Ab Saber, responsável pelo mapeamento dos ecossistemas brasileiros, criticou a obra: “Essa construção vai ser uma catástrofe para a Cantareira”.
Após a “macumba”, os participantes lançaram um manifesto contra o novo trecho do Rodoanel. A ideia é conquistar apoio de formadores de opinião e pressionar o governo do Estado a alterar o traçado da obra, para evitar que ela afete a região da Serra da Cantareira.
Críticas à obra
As mais de 50 entidades ambientalistas que criticam a obra dizem que o trecho norte vai alterar a paisagem da região e provocar impacto sobre o ecossistema. Treze parques situados às margens da Serra da Cantareira também serão diretamente atingidos pela obra.
Avaliado em R$ 6,5 bilhões, o Rodoanel Norte será financiado com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento, R$ 1,7 bilhão), do governo do Estado (R$ 2,8 bilhões) e do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento, R$ 2 bilhões).
A licença ambiental para o trecho norte do Rodoanel foi aprovada pelo Consema (Conselho Estadual do Meio Ambiente) em junho deste ano. Atualmente, a obra está na fase de pré-qualificação das empreiteiras que devem disputar a licitação. O prazo para a conclusão do trecho, o último do Rodoanel, é novembro de 2014.
A Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S.A) --órgão estadual responsável pela obra-- aguarda a procuradoria do Estado emitir os decretos de utilidade pública para iniciar as desapropriações e começar a obra.
Em julho, a previsão era que as desapropriações teriam início em setembro, mas agora a Dersa prevê que somente em janeiro os moradores comecem a ser retirados. Mais de 4.000 casas serão desapropriadas, incluindo 2.000 famílias que moram em áreas ocupadas nas últimas décadas na periferia da zona norte da capital, como o Jardim Corisco, Jardim Peri, Jardim Paraná e Parada de Taipas. Por não possuírem as escrituras dos terrenos, as famílias só receberão indenizações pelas benfeitorias construídas.
O trecho norte terá 44 km de extensão e ligará as rodovias Ayrton Senna, Dutra, Fernão Dias e Bandeirantes. A via passará pelos municípios de São Paulo, Guarulhos e Arujá e margeará o Parque Estadual da Serra da Cantareira.
A Serra da Cantareira é considerada a maior floresta em área urbana do mundo e foi tombada pelo Condephaat, Conpresp e Iphan, respectivamente os órgãos de preservação estadual, municipal e nacional. Área de proteção, a Cantareira reúne diversas espécies da mata atlântica e possui dezenas de nascentes, além de abrigar o principal sistema de abastecimento de água da capital.