Região noroeste terá campus do Instituto Federal de São Paulo
Em visita à periferia de São Paulo, no sábado, 20 de agosto, o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou a liberação de verbas do governo federal para a construção de um campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo (IFSP).
Ministro Fernando Haddad ladeado por dom Milton e dom Cláudio (foto: Fátima Giordano)
A instalação do campus, segundo Haddad, é parte da expansão da rede federal de ensino, pela qual, até 2014, serão construídos oito novos campi do IFSP no Estado de São Paulo, incluindo o da região noroeste, que oferecerá ao menos 1.200 vagas, 50% das quais destinadas ao ensino técnico e as demais ao ensino superior de tecnologia e engenharia.
O anúncio foi realizado na capela da comunidade católica Nossa Senhora de Fátima, no Jardim Elisa Maria, com a presença de mais de 300 pessoas, a maioria jovens, incluindo autoridades civis e religiosas como o bispo auxiliar da Igreja Católica, dom Milton Kenan Junior, e o arcebispo emérito de São Paulo, dom Cláudio Hummes.
“Nós sabemos que a educação é fundamental para o progresso de qualquer população. O Brasil está em um ponto que a gente podia dar um salto qualitativo, mas se vê freado pela falta de escolas que nosso povo tanto deseja e não lhe são oferecidas”, afirmou dom Cláudio, estimulando o povo a sempre se articular para apontar as demandas educacionais que existem na região.
ITSP traz ensino superior, mas não é universidade
O Movimento Pró-Universidade Pública da Zona Noroeste, formado por moradores, estudantes, trabalhadores da educação e lideranças populares, entregou a Haddad uma carta em que pleiteia a construção da primeira universidade pública na região noroeste. A carta teve o apoio de mais de 100 instituições e um abaixo-assinado para a mesma causa já tem cerca de 5 mil assinaturas.
“A gente tem como premissa que a universidade aqui na zona noroeste precisa ser como as que transmitem o saber erudito, que constroem o ensino superior. Queremos uma universidade que seja popular, mas ao mesmo tempo capaz de socializar o conhecimento acadêmico mais elevado e que também dialogue com a comunidade, com os saberes locais”, afirmou em entrevista ao Site da Cantareira, Marcos Manoel dos Santos, da comissão executiva do movimento.
“O instituto tem um projeto político pedagógico de ensino médio mais inovador do país. Os indicadores de qualidade do ITSP se comparam ao de países mais avançados em educação”, garantiu o ministro Haddad, que defendeu que o campus atenda às demandas regionais, “não adianta criar curso que não dialoga com a necessidade da população local”, avaliou.
Dom Milton enalteceu a implantação do instituto na periferia da zona noroeste. “A vinda desse polo do ITSP vai ser para a região um grande avanço na área da profissionalização, na área da educação de qualidade, em vista da imensa população de jovens da Brasilândia que esperam uma oportunidade para poder ocupar o seu lugar na sociedade”, expressou. Porém, assim como os articuladores do pró-universidade, demonstrou clareza de que o ITSP não anula a luta pela universidade. “Que não fique esquecida a possibilidade de trazer uma universidade pública para a região noroeste da cidade”, disse ao ministro ao final da solenidade.
O bispo também fez menção aos jovens da periferia que tem limitadas oportunidades de acesso ao ensino superior, como o caso de Camila de Oliveira, 14 anos, que em nome dos demais jovens leu uma carta antes do anúncio da construção do ITSP. “Parece-me que não há uma preocupação conosco, jovens de escolas públicas, pois nos é praticamente negada a oportunidade de passar em uma escola técnica. Não recebemos o preparo adequado”.
ITSP sairá com ou sem Haddad no ministério
Em entrevista coletiva, Fernando Haddad garantiu que a construção do campus independente de sua permanência no ministério (ele deve ser um dos pré-candidatos a prefeito de São Paulo), e durante a solenidade convocou a comunidade a manter-se mobilizada para indicar o terreno para a construção do ITSP, que deverá ser doado pela prefeitura da cidade. O ministro manifestou desejo de que a licitação da obra seja feita até o final deste ano.
Críticas à expansão da rede federal de ensino
Trabalhadores dos institutos federais, em greve desde 1° de agosto, protestaram, na solenidade, pela falta de negociações para aumento salarial e questionaram a maneira como se tem feito a expansão da rede federal de ensino. “Não adianta criar mais unidades do instituto e não dar condições de trabalho para os servidores exercerem um trabalho adequado para a sociedade. Nós não somos contra a expansão da rede, mas queremos isso com qualidade para o servidor, pois, consequentemente, vai ter qualidade para o povo”, opinou Irani Castro Balbino, do comando de greve.
