terça-feira, 31 de julho de 2012

Dexter: liberdade na condicional

Carta Capital


Por Lucas Conejero

“O que se vive na cadeia é um ciclo vicioso. O hip hop salvou minha vida”, diz o rapper Dexter. Foto: Henrique Yasuda
Marcos Fernandes de Omena é mais um de sua geração que começou a fazer rap ainda garoto, depois de escutar Racionais. Nascido há 38 anos e criado sob as privações da periferia da Grande São Paulo, encontrou no ritmo uma válvula de escape para externar sua inquietação e rebeldia. Com poesia polida e mensagens consistentes, adotou o nome Dexter, fez fama com seus versos, ganhou vários prêmios e “moral na quebrada”.
Mais que isso, Marcos passou por maus bocados e atualmente é um dos líderes de uma vanguarda popular engajada politicamente até o pescoço, sem vínculos partidários, com forte viés de esquerda. Eles têm na força e acidez das rimas a principal arma para contestar o status quo e declararam guerra ao sistema. Brown, líder dos Racionais, Gog e outros “manos” de destaque completam a linha de frente do movimento.
“A cultura hip-hop conscientizou parte da juventude da periferia e cumpriu o papel de escola em várias oportunidades nos últimos 20 anos. Pelas letras de rap, conhecemos nossos líderes e entendemos a luta e as expectativas do povo em outras partes do mundo, em outros momentos históricos. Infelizmente, a maioria não escuta rap ou entende a mensagem e nas aulas de História da rede pública de ensino, falam muito pouco de Zumbi (dos Palmares) ou(Carlos) Marighella. Ao mesmo tempo, qualquer um tem uma tevê dentro de casa ligada o tempo todo. A manipulação é pesada e a guerra injusta”,  afirma.
Segundo Dexter, mesmo com o bombardeio publicitário e a posição conservadora da maioria da imprensa nacional, sobretudo da chamada “grande mídia”, a consciência política cresce lenta e gradativamente nas periferias brasileiras desde a década de 1990, época em que o hip-hop ganhou algum espaço nos bailes das favelas e subúrbios.  Boa parte desse despertar crítico, segundo o rapper, pode ser creditado à cultura desse estilo.
No começo da carreira, o militante paulista do Jardim Calux, São Bernardo do Campo, cumpriu a triste sina de uma parte considerável da juventude do Terceiro Mundo. Sem condições financeiras, incentivo público ou expectativa de obter um patrocínio legalmente, recorreu às armas para realizar seu sonho. “Estava tudo pronto para gravar o disco. Faltava a grana. Fui buscar.”
O plano não funcionou. Ele acabou preso e condenado por assalto à mão armada. Permaneceu enclausurado entre 1998 e 2011. Boa parte da pena pagou na Casa de Detenção de São Paulo, o Carandiru. Mas nunca parou de fazer rap. Desde 1990, com o Snake Boys – primeira banda – seguiu firme e forte.
Na cela 509-E do Pavilhão 7, foi um dos fundadores do grupo que levava o número do cubículo como nome. No ano 2000, lançaram o álbum Provérbios 13, muito bem recebido pela crítica e pelo público. Em 2002, o MMII DC (2002 Depois de Cristo), rompeu as grades do presídio e deu o que falar. Era o último álbum do grupo.
Dexter partiu para a carreira solo em 2005. Gravou Exilado sim, preso não. O disco fez muito barulho nas ruas e conquistou cinco categorias do prêmio Hip Hop Top, inclusive a de melhor álbum do Hutúz, festival de rap promovido pela Central Única das Favelas (Cufa).
Nesse período de “exílio”, como ele mesmo define, sobreviveu às condições sub-humanas às quais é submetida a população carcerária brasileira, leu muito e teve contato com o pensamento de líderes negros como Martin Luther King e Malcolm X.
“Muita gente acha que a tortura terminou com o fim da ditadura. Acabou coisa nenhuma. Além da tortura psicológica de ficar preso em um cubículo, a tortura física, aplicada principalmente para a obtenção de confissões e delações, é comum em algumas delegacias. Ao mesmo tempo, o sistema prisional não oferece opções de recuperação e reinserção social e o preconceito impede a grande maioria dos ex-presidiários de sobreviver legalmente. O resultado é um ciclo vicioso. O hip hop salvou minha vida”, admite.
Foram oito longos anos sem subir nos palcos, mas, em 2009, Dexter passou para o regime semiaberto e renasceu em um show épico na quadra da Escola de Samba Unidos do Peruche, da zona norte paulistana.
Rimou ao lado de grandes nomes da música negra em um palco sobre a frase: “Não há grades capazes de deter a intensidade e profundidade de um espírito livre”. Entrou para cantar vestindo uma camiseta com a famosa foto de Barack Obama, muito utilizada à época. Logo abaixo da imagem, a palavra “Revolução”, em letras garrafais.
“Já era tarde e todos os companheiros dormiam. Estava na cela com meu radinho de pilha e chegou a notícia da vitória do Obama. Fiquei emocionado”, relembra. “Independente de qualquer coisa, o povo preto precisa de autoestima e ter um dos nossos como presidente dos EUA é muito importante.”
Ainda no exílio, Marcos começou a se mexer para melhorar as condições da população carcerária, constituída na sua maioria por cidadãos negros, e criou o projeto “Como Vai Seu Mundo?”, desenvolvido em parceria com Jaime Garcia Junior, ex-juiz corregedor da Vara de Execuções Criminais de Guarulhos, mais o Coletivo Peso e o Instituto Crescer. A iniciativa é nobre e pretende levar dignidade e cidadania para os “reeducandos” dentro das penitenciárias.
Desde abril do ano passado, quando ganhou liberdade permanente, Dexter visita as cadeias espalhadas pelo Brasil e leva sua mensagem de autoestima, conscientização política e social aos companheiros que ficaram. “Jamais serei um homem livre enquanto um de meus irmãos de sofrimento estiver na prisão.”

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Suposto dossiê de Veja foi usado em chantagem para soltar Cachoeira, diz juiz

publicado em 30/07/2012 às 18h30:
Magistrado diz que Andressa Mendonça usou revista para ameaçá-lo
Do R7, em Brasília
Mais uma vez, o nome da revista Veja foi envolvido em  denúncias associadas ao  bicheiro Carlinhos Cachoeira. Em entrevista ao R7, o juiz federal Alderico Rocha Santos revelou como foi chantageado pela mulher do contraventor, Andressa Mendonça. O magistrado afirma que foi ameaçado por Andressa com um suposto  dossiê, que teria sido produzido contra ele pelo jornalista Policarpo Júnior, redator-chefe da revista Veja em Brasília, a pedido do bicheiro.
 Ela me perguntou se eu já tinha ouvido falar do  Policarpo [Júnior]. Disse que ele tinha um dossiê contra mim, mas que tinha ligado pra ele, pedindo pra não divulgar enquanto ela não falasse comigo.Mais uma vez, o nome da revista Veja foi envolvido em  denúncias associadas ao  bicheiro Carlinhos Cachoeira. Em entrevista ao R7, o juiz federal Alderico Rocha Santos revelou como foi chantageado pela mulher do contraventor, Andressa Mendonça. O magistrado afirma que foi ameaçado por Andressa com um suposto  dossiê, que teria sido produzido contra ele pelo jornalista Policarpo Júnior, redator-chefe da revista Veja em Brasília, a pedido do bicheiro.
A acusação de chantagem foi feita nesta segunda-feira (30) pelo próprio juiz em um documento encaminhado ao MPF (Ministério Público Federal). Alderico disse ao R7 que Andressa insistiu em falar com ele, na última quinta-feira (26) no prédio da Justiça Federal em Goiânia.
 Ela pediu várias vezes para eu soltar o Cachoeira, disse que a prisão era injusta e que, se eu o liberasse, o dossiê não seria divulgado [pela Veja].
O juiz conta que Andressa escreveu num pedaço de papel três nomes que "comprometeriam" Alderico. Os nomes foram: Marcelo Miranda, Maranhense e Luiz.
Alderico Rocha Santos afirma que apenas conhece os dois primeiros e não tem qualquer relação com eles. "Luiz" seria um amigo seu, e a relação não teria nada de comprometedor.
— Falei para Andressa: "Não sei se você tem fotos minhas com ele [Luiz, o amigo citado]. Se não tiver foto minha com ele, eu tiro a hora que você quiser."
Por causa da chantagem, a empresária foi detida nesta segunda-feira (30) em Goiânia. Andressa foi interrogada na Superintendência da Polícia Federal da cidade e terá que pagar fiança de R$ 100 mil. Se não fizer o pagamento, ela terá a prisão preventiva decretada.
O juiz diz que tem dúvidas sobre a existência de um dossiê contra ele:
— Não sei se ela [Andressa] estava usando o nome dele [Policarpo Júnior] indevidamente. Até acredito que sim. Pelo que sei, ele é um jornalista competente.
Procurada pelo R7, a assessoria da Editora Abril enviou uma nota informando que "a direção da Veja afirma que seu departamento jurídico está tomando providências para processar o autor da calúnia que tenta envolver de maneira criminosa a revista e seu jornalista com uma acusação absurda, falsa e agressivamente contrária aos nossos padrões éticos".
Andressa Mendonça também foi procurada pela reportagem do R7, mas até o momento ela não atendeu as ligações.
Veja e Cachoeira
Em abril, o Domingo Espetacular, da TV Record, já havia denunciado os laços entre Carlinhos Cachoeira e Policarpo Júnior. Documentos a que o programa teve acesso mostravam a influência do bicheiro na publicação da Editora Abril.
O MPF vai investigar o caso e deve ouvir Policarpo Júnior, da Veja, para que ele explique o envolvimento que ele tem com Cachoeira.

Quem é que quer que volte a ditadura no poder?

Valerioduto aponta para ministro Gilamr Mendes: confira a íntegra dos documentos

CartaCapital publica a íntegra dos documentos que registram o caixa 2 da campanha de reeleição do tucano Eduardo Azeredo ao governo de Minas Gerais em 1998. Há uma lista de doadores e outra de beneficiários.
Neste último grupo, constam meios de comunicação, institutos de pesquisa e fornecedores de vários serviços de campanha que não necessariamente sabiam da movimentação ilegal de recursos. Podem ter recebido sem conhecer a origem do dinheiro que pagou por seus serviços. De qualquer forma, a contabilidade assinada e registrada em cartório pelo publicitário Marcos Valério de Souza mapeia o fluxo dos recursos não-registrados oficialmente. A diferença é colossal. Azeredo declarou ter gasto 8 milhões de reais, mas os números apontados pelo publicitário chegam a 104 milhões.
Também é possível acessar um documento intitulado Declaração para fins de prova judicial ou extrajudicial datado de 12 de setembro de 2007 e assinado por Marcos Valério de Souza. Nele, o publicitário declara um repasse de 4,5 milhões de reais a Azeredo.
Todos os papéis estavam em posse do advogado Dino Miraglia Filho, de Belo Horizonte, e foram entregues à Polícia Federal.
Certos assessores de imprensa disfarçados de jornalistas tentam desqualificar a lista pinçando nomes de empresas citadas e perguntando se elas se corromperiam por tão pouco. Não sabemos afirmar (nem esta é a questão, a não ser para a estratégia diversionista de certos assessores de imprensa). Mas achamos que se abre uma nova linha de investigação do valerioduto.
Confira abaixo a íntegra dos arquivos (em PDF):
Documentos de pagamento

BANDA Pussy Riot continua presa desde fevereiro, quando invadiu uma catedral em manifesto contra o governo de Putin

Julgamento de banda punk que criticou Putin gera polêmica na Rússia

MUNDO

Julgamento de banda punk que criticou Putin gera polêmica na Rússia

O caso Pussy Riot é um dos processos mais polêmicos dos últimos anos. Três mulheres podem ser condenadas a sete anos de prisão por um ato crítico contra o presidente Putin numa das catedrais de Moscou.
A Catedral de Cristo Salvador, em Moscou, é um magnífico edifício com cúpulas douradas situada às margens do rio Moscou e próxima ao Kremlin. Há cerca de cinco meses, ela se tornou o centro de um escândalo que envolve Igreja, política e liberdade artística na Rússia. O processo, cujo julgamento começa nesta segunda-feira (30/07) em Moscou, é considerado um dos mais polêmicos dos últimos anos.
Alguns críticos – como a jornalista moscovita Masha Gessen – falam até num "julgamento-espetáculo", como se via nos anos 1930 durante a ditadura de Stálin. Todas as sessões no tribunal serão transmitidas ao vivo pela internet, o que para a Rússia é uma novidade.
Três mulheres contra Putin
No banco dos réus estão Maria Alekhina, Nadezhda Tolokonnikova und Yekaterina Samutsevich. As três estão na casa dos 20 anos. Elas formam a banda Pussy Riot e gostam de provocar com músicas de tom político, cujos clipes elas divulgam na internet.
Videoclipe foi gravado na Catedral de Cristo Salvador, em Moscou
As gravações de uma dessas performances punk aconteceram no dia 21 de fevereiro de 2012, na Catedral de Cristo Salvador, pouco antes da eleição presidencial russa. Um vídeo na internet mostra um grupo de mulheres com máscaras coloridas de tricô dançando em frente ao altar. Ao vídeo é acrescentada uma "oração punk", com uma música agitada que pede à Mãe de Deus para que persiga Putin. Há cinco meses as três mulheres estão presas. Elas são acusadas de vandalismo. A acusação pediu pena de sete anos de prisão.
Opiniões divididas na sociedade
O processo tem causado muita discussão na Rússia. Uma pesquisa na máquina de busca russa Yandex pelo termo Pussy Riot apresenta nove milhões de resultados. O vídeo com a oração punk já foi visto mais de 1,5 milhão de vezes no YouTube. O número de comentários sobre o vídeo de dois minutos aumenta a cada dia e já passou dos 30 mil.
As vozes dividem-se de maneira mais ou menos equilibrada: "é como se alguém sujasse toda a minha casa", reclama um usuário anônimo. Outro acha que o processo parece uma vingança política: "As garotas são tratadas como se tivessem planejado um atentato terrorista."
A sociedade russa também parece dividida. De acordo com pesquisa realizada pela fundação moscovita Opinião Pública no início de julho, 39% dos russos acham que alguns anos na cadeia seriam uma pena justa para as jovens da banda Pussy Riot. Quase a mesma parcela, 37%, são contra.
Bandas punks da Alemanha e dos EUA organizam show beneficente
Ativistas dos direitos humanos e artistas pedem liberdade
Há meses ativistas dos direitos humanos exigem a libertação de Pussy Riot. A Anistia Internacional classificou as jovens como "prisioneiras políticas". Lyudmila Alexeyeva, diretora do Grupo Moscou Helsinki de direitos humanos fala de um "processo político". Fato é que o julgamento decorre em meio a um endurecimento na legislação que, na opinião de especialistas, foi destinado a impedir protestos políticos na Rússia.
Até mesmo na cena política russa há pouco consenso em torno do caso Pussy Riot. Escritores, músicos e atores até têm opiniões diferentes sobre se a "Oração Punk" numa catedral foi uma ação boa ou ruim. Mas a maioria rejeita uma punição mais dura. Em carta aberta, mais de 100 artistas russos famosos pedem que as meninas da Pussy Riot sejam libertadas.
Solidariedade da Alemanha
Também entre os artistas ocidentais aumenta o apoio à Pussy Riot. Num show na Rússia, o vocalista da banda norte-americana Red Hot Chili Peppers vestiu uma camiseta com o nome da banda punk. O cantor britânico Sting pediu abertamente num show em Moscou que as garotas do Pussy Riot sejam libertadas.
Ícone alemã do punk, Nina Hagen manifestou esperança de que o processo não leve a uma punição mais dura. "Eu gostaria de apelar ao governo russo e aos meus irmãos ortodoxos para que demonstrem misericórdia", disse Hagen em entrevista à DW. Ela acredita no "grande coração russo", disse a rainha do punk dos anos 1980.
Alemã Nina Hagen manifestou solidariedade às russas
Artistas alemães mais jovens também procuram demonstrar solidariedade para com a Pussy Riot. As bandas punks berlinenses Radio Havanna e Smile and Burn, juntamente com a norte-americana Anti-Flag, planejam fazer um concerto beneficente em prol da Pussy Riot no dia 31 de julho. "Para mim este é um sinal claro de repressão por parte do governo contra seu povo", disse à DW Oliver Arnold, baixista da Radio Havanna. A receita do show será destinada à Pussy Riot.
As componentes da Pussy Riot tentaram abafar o caso poucos dias antes do início do processo. "Talvez algumas pessoas encarem o nosso comportamento como um insulto. Mas não é assim", disseram elas numa carta aberta que as três escreveram na prisão. Elas agradeceram pelo apoio e chamaram tanto seus fãs quanto seus críticos a participarem de um diálogo crítico.
Autor: Roman Goncharenko (ff)
Revisão: Carlos Albuquerqu

Russo costura boca em protesto contra prisão de banda punk

24 de julho de 2012  09h51  atualizado às 10h36

Pyotr Pavlensky em frente à Catedral de Kazan, em São Petersburgo. Foto: Reuters
Pyotr Pavlensky em frente à Catedral de Kazan, em São Petersburgo
Foto: Reuters

O artista russo Pyotr Pavlensky costurou os lábios em protesto contra a prisão de integrantes da banda punk feminina Pussy Riot, na segunda-feira. O protesto aconteceu em frente à Catedral de Kazan, em São Petersburgo.
O tribunal rejeitou o pedido para que o presidente russo Vladimir Putin e líderes da Igreja Ortodoxa deponham no caso de três roqueiras, que são processadas por improvisarem uma "oração punk", que tem a frase: "Maria, mãe de Deus, tire Putin".

Membros de banda punk feminina anti-Putin fazem greve de fome





Membros de banda punk feminina anti-Putin fazem greve de fome
Membro da banda "Pussy Riot"

As três integrantes de uma banda de "punk rock" feminina que estão detidas por "hooliganismo", depois de cantarem uma canção contra o presidente Vladimir Putin numa igreja russa, começaram, esta quarta-feira, uma greve de fome.
Nadezhda Tolokonnikova, Yekaterina Samutsevich e Maria Alekhina, que integram a banda Pussy Riot, rejeitaram a alimentação depois de um tribunal de Moscovo ter decidido que elas e os seus advogados tinham apenas mais cinco dias para estudar o processo.
"Eu anuncio uma greve de fome, porque isto é ilegal", afirmou Tolokonnikova, que vestia uma "t-shirt" com o famoso "slogan" da guerra civil espanhola "No pasarán!" ("Não passarão!") gravado.
"[Responder] até 9 de julho não é [tempo] suficiente para mim. Penso que é completamente ilegal", afirmou, no tribunal de Tagansky.
"Estou categoricamente contra e anuncio uma greve de fome", disse Alekhina, depois de o tribunal ter emitido uma decisão separada para ela e outra para Samutsevich.
A equipa dos advogados de defesa quer ter o período de tempo até 01 de setembro para ler os documentos, com um dos membros, Mark Feigin, a afirmar que a documentação a ler, excluindo as de fonte eletrónica, atingia quase as 2.800 páginas.

sábado, 28 de julho de 2012

Sarah Menezes: algo está dando certo no esporte brasileiro

A medalha de ouro conquistada por Sarah Menezes  em Londres 2012 é importante por vários motivos. É a primeira do judô feminino, a terceira do judô em geral, e a segunda de mulheres brasileiras em esportes individuais. Mais do que isso, a medalha de Sarah é reflexo de um Brasil que dá certo.
Sarah Menezes exibe a medalha de ouro conquistada neste sábado no judô feminino. Foto: AFP
Como mostraram posts desta semana aqui no Esporte Fino, a medalha de Sarah não foi uma surpresa. Ela chegou como uma das favoritas, se superou quando mais precisava e conquistou o ouro. Parecia, não uma brasileira, mas uma atleta dos Estados Unidos. No pódio, estava claramente feliz, mas não tinha aquela alegria quase desesperada de quem luta “contra tudo e contra todos”, como estamos acostumados. Sarah, aos 22 anos, faz faculdade, tem boa estrutura para treinar, tem três patrocínios privados e recebe o Bolsa Atleta, do governo federal. Tudo o que sempre exigimos.

Isso não é para dizer que está tudo bem no esporte brasileiro. Não está. Como mostrou reportagem do colega Fernando Vives na edição atual da revista Carta Capital, há muito por fazer. O foco hoje está no alto nível, enquanto o esporte escolar, de onde sairão os futuros campeões, é precário. Isso é reflexo do vergonhoso estado da educação como um todo no Brasil, um problema ao qual os governos deveriam dedicar muito mais atenção.
É preciso reconhecer, no entanto, que há esportes “dando certo”, como é o caso do judô. O trabalho vem melhorando a cada ano, os bons resultados se acumulam e a prova disso é o fato de o Brasil chegar a Londres com uma seleção completa, num esporte que rende até 14 medalhas, e com chances de conquistar muitas delas.
Se os judocas brasileiros vão conseguir isso daqui pra frente é, como deveria ser sempre, uma questão esportiva, e não política ou sociológica. A vitória de Sarah não deixa espaço para pautas como “o drama do nordestino”, o “drama da mulher” ou o “drama do esportista sem apoio que ganha apesar de tudo”. Aos poucos (mais devagar do que eu gostaria, é preciso dizer), vamos rompendo a lógica dramática do nosso esporte. Sarah é mulher, é nordestina, e é uma esportista brasileira. Ela foi campeã olímpica assim, e não apesar de tudo isso.

*Matéria originalmente publicada no site Esporte Fino

Documentos revelam participação de FHC e Gilmar Mendes no ‘valerioduto tucano’

27/7/2012 13:21,  Por Redação - de São Paulo e Brasília
Mendes
Tanto FHC quanto o ministro Gilmar Mendes constam de documentação anexada a processo contra Marcos Valério
Documentos reveladores e inéditos sobre a contabilidade do chamado ‘valerioduto tucano‘, que ocorreu durante a campanha de reeleição do então governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998, constam de matéria assinada pelo jornalista Leandro Fortes, na edição dessa semana da revista Carta Capital. A reportagem mostra que receberam volumosas quantias do esquema, supostamente ilegal, personalidades do mundo político e do judiciário, além de empresas de comunicação, como a Editora Abril, que edita a revistaVeja.
Estão na lista o ministro Gilmar Mendes, do STF, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), os ex-senadores Artur Virgílio (PSDB-AM), Jorge Bornhausen (DEM-SC), Heráclito Fortes (DEM-PI) e Antero Paes de Barros (PSDB-MT), os senadores Delcídio Amaral (PT-MS) e José Agripino Maia (DEM-RN), o governador Marconi Perillo (PSDB-GO) e os ex-governadores Joaquim Roriz (PMDB) e José Roberto Arruda (ex-DEM), ambos do Distrito Federal, entre outros. Também aparecem figuras de ponta do processo de privatização dos anos FHC, como Elena Landau, Luiz Carlos Mendonça de Barros e José Pimenta da Veiga.
Os documentos, com declarações, planilhas de pagamento e recibos comprobatórios, foram entregues na véspera à Superintendência da Polícia Federal, em Minas Gerais. Estão todos com assinatura reconhecida em cartório do empresário Marcos Valério de Souza – que anos mais tarde apareceria como operador de esquema parecido envolvendo o PT, o suposto “mensalão”, que começa a ser julgado pelo STF no próximo dia 2. A papelada chegou às mãos da PF através do criminalista Dino Miraglia Filho – advogado da família da modelo Cristiana Aparecida Ferreira, que seria ligada ao esquema e foi assassinada em um flat de Belo Horizonte em agosto de 2000.
Segundo a revista, Fernando Henrique Cardoso, em parceria com o filho Paulo Henrique Cardoso, teria recebido R$ 573 mil do esquema. A editora Abril, quase R$ 50 mil e Gilmar Mendes, R$ 185 mil.

Matérias Relacionadas:
  1. ‘Valerioduto’ abasteceu Gilmar Mendes e FHC, mostram documentos entregues à PF
  2. Documentos revelam a participação de empresas italianas no conflito sírio
  3. Pedido de Gilmar Mendes atrasa ação por trabalho escravo no STF
  4. PV ameaça deixar aliança da direita após escolha do PSD para vice de tucano
  5. Nada de novo no front tucano, só salvo o acirramento do racha Serra-Alckmin

Russomanno é sócio e recebe doação de empresário que defendeu na Câmara

Ex-deputado promoveu em 2004 audiências sobre disputa entre Coca-Cola e Dolly, marca que pertence a Laerte Codonho

28 de julho de 2012 | 0h 50

Julia Duailibi e Fernando Gallo
SÃO PAULO - O candidato do PRB à Prefeitura de São Paulo, Celso Russomanno, usou o seu mandato quando era deputado federal para defender o empresário Laerte Codonho, que foi condenado à prisão pela Justiça por crime contra a ordem tributária e hoje é o seu sócio.
Celso Russomanno em campanha em São Paulo - Helvio Romero/AE
Helvio Romero/AE
Celso Russomanno em campanha em São Paulo
Dono da marca de refrigerantes Dolly, Codonho foi o principal doador de Russomanno na campanha eleitoral de 2010, quando o então deputado disputou o governo paulista. Deu R$ 250 mil ao candidato, por meio da empresa Tholor do Brasil. Também patrocinou o Programa Celso Russomanno, exibido pela TV Gazeta entre 2006 e 2008, com a marca Guaraná Dolly.
Em 2004, quando era deputado pelo PP, Russomanno apresentou à Comissão de Defesa do Consumidor, na Câmara dos Deputados, o requerimento de número 301, no qual pedia para que fossem investigadas denúncias sobre suposta concorrência desleal da Coca-Cola contra a Dolly.
Quase três anos depois da ação no Congresso, Codonho comprou em 2007 uma participação na empresa de comunicação do candidato, a ND Comunicação e Publicidade, fundada em 1986. A produtora é responsável por fazer os programas políticos e atrações na TV que foram comandadas por Russomanno.
Codonho foi protagonista de uma guerra contra a Coca-Cola, com acusações de espionagem empresarial, arapongagem e até agressões físicas. O litígio foi parar nos tribunais e nos órgãos governamentais de defesa da concorrência. O empresário acusava a Coca-Cola de querer "quebrar" sua empresa, por meio de pressão em fornecedores e distribuidores. Também dizia que a multinacional plantara um suposto contador na Dolly com o intuito de prejudicá-lo e colher informações confidenciais da empresa.
Fórmula. Além de solicitar a audiência no Congresso para ouvir a Dolly, Russomanno interveio a favor da empresa ao defender que a Coca-Cola deveria informar se havia na composição do refrigerante extrato vegetal feito a partir da folha de coca - Codonho alegava que as substâncias derivadas da coca eram usadas e feriam normas brasileiras, além de causarem dependência.
"O consumidor final precisa ter o direito de escolher no mercado de consumo o melhor e mais barato. Toda vez que tiramos uma empresa do mercado, seja nacional, seja estrangeira, estamos impedindo que o consumidor tenha opção", disse o deputado no plenário da comissão.
"São pilhas de documentos que podemos trazer à audiência pública desta comissão. Quero saber também se existe realmente algum derivado (da folha de coca)", disse o parlamentar na época. Russomanno também questionou a multinacional sobre denúncias de caixa 2, propagadas por Codonho. "Quero saber da Coca-Cola se existe o caixa 2."
Na audiência, o deputado José Carlos Araújo (PSD-BA) disse que Russomanno "tentou ser o juiz arbitral" do litígio entre a Coca-Cola e a Dolly. "Mas as cifras pedidas foram altas demais, não se podia falar, e a denúncia chegou a esta comissão", declarou o parlamentar, segundo as notas taquigráficas da Câmara. Ele não explicou a que se referiam os valores. "Há grandes interesses envolvidos nisso, e nós também estamos sendo envolvidos".
Russomanno reagiu. "O que vossa excelência citou é muito grave". Ele disse ter tentado um acordo entre as empresas, mas pediu a Araújo que explicasse "que eu não participei dessas coisas". Nenhum dos dois foi além.
Na época, executivos ligados à multinacional disseram que Codonho queria vender a empresa para a Coca-Cola por US$ 100 milhões. Por isso, estaria encabeçando a campanha contra a companhia. Codonho negou que quisesse vender a sua indústria.
Diante da série de acusações entre as empresas, Russomanno chegou a fazer um desabafo: "Nesse mercado de cerveja e de refrigerante, assunto já discutido na Comissão de Defesa do Consumidor várias vezes, absolutamente ninguém é santo".
‘É crime’. Antes da audiência na Câmara, o candidato do PRB já havia defendido Codonho. Em 2003, quando os dois se conheceram em Brasília, participou do programa 100% Brasil, da Rede TV!, patrocinado pela Dolly. "No refrigerante, especificamente a Coca-Cola, você não sabe o que está bebendo. Há 62 anos ninguém sabe", disse na atração. "É crime não informar corretamente ou fazer publicidade e não dizer o que é que está compondo o xarope da Coca-Cola."
O Tribunal de Justiça de São Paulo condenou Codonho e a Rede TV! a pagarem indenização de R$ 2 milhões por danos morais à Coca-Cola. Cabe recurso.

Arquivo do blog